O preço do progresso entre a sabedoria ancestral e a alienação digital

Por Fredi Jon

Num mundo hiperconectado, onde algoritmos sabem mais sobre nós do que nossas próprias famílias, uma silenciosa perda se instala: a da sabedoria ancestral. Aquela que era transmitida à beira do fogo, no conselho dos mais velhos, nas mãos calejadas que ensinavam sem livros. Em troca, ganhamos uma tecnologia que oferece respostas prontas, mas rouba o esforço de pensar. Uma comodidade que, aos poucos, vem emburrecendo, não por ausência de informação, mas por excesso sem reflexão.

Estudos como os de Nicholas Carr, autor de *The Shallows*, apontam que o uso contínuo de tecnologias digitais altera a forma como nosso cérebro processa o conhecimento. A memória de longo prazo, base da aprendizagem profunda, vem sendo substituída por uma navegação superficial. E enquanto acumulamos dados, desaprendemos a sabedoria que exigia silêncio, escuta e experiência.

A sabedoria dos povos antigos,  indígenas, orientais, camponeses,  valorizava o tempo, a paciência, a conexão com a natureza e com o outro. Hoje, o tempo virou urgência. As virtudes viraram hashtags. A conexão, sinal de Wi-Fi.

Mas o mais assustador talvez seja o quanto o ser humano pouco mudou, apesar de toda a tecnologia. Continuamos repetindo ciclos de vaidade, ganância, exclusão. Seguimos buscando pertencimento, afeto e sentido, agora, porém, em likes e notificações. A pirâmide de Maslow continua válida, só trocamos a caverna pelo feed.

Por Fredi Jon

Num mundo hiperconectado, onde algoritmos sabem mais sobre nós do que nossas próprias famílias, uma silenciosa perda se instala: a da sabedoria ancestral. Aquela que era transmitida à beira do fogo, no conselho dos mais velhos, nas mãos calejadas que ensinavam sem livros. Em troca, ganhamos uma tecnologia que oferece respostas prontas, mas rouba o esforço de pensar. Uma comodidade que, aos poucos, vem emburrecendo, não por ausência de informação, mas por excesso sem reflexão.

Estudos como os de Nicholas Carr, autor de *The Shallows*, apontam que o uso contínuo de tecnologias digitais altera a forma como nosso cérebro processa o conhecimento. A memória de longo prazo, base da aprendizagem profunda, vem sendo substituída por uma navegação superficial. E enquanto acumulamos dados, desaprendemos a sabedoria que exigia silêncio, escuta e experiência.

A sabedoria dos povos antigos,  indígenas, orientais, camponeses,  valorizava o tempo, a paciência, a conexão com a natureza e com o outro. Hoje, o tempo virou urgência. As virtudes viraram hashtags. A conexão, sinal de Wi-Fi.

Mas o mais assustador talvez seja o quanto o ser humano pouco mudou, apesar de toda a tecnologia. Continuamos repetindo ciclos de vaidade, ganância, exclusão. Seguimos buscando pertencimento, afeto e sentido, agora, porém, em likes e notificações. A pirâmide de Maslow continua válida, só trocamos a caverna pelo feed.

Yuval Harari, historiador e autor de *Sapiens*, alerta: “Estamos mais poderosos que nunca, mas com pouca sabedoria para usar esse poder”. Avançamos em inteligência artificial, mas não em inteligência emocional. Sabemos mapear o genoma humano, mas não escutamos nossas próprias emoções. Progredimos na medicina, mas esquecemos da escuta empática e do cuidado integral.

A que custo, então, caminhamos para o futuro? Um relatório da UNESCO já indicava, em 2021, que o uso desmedido de telas entre jovens está associado a queda de empatia, aumento de ansiedade e declínio do pensamento crítico.

Isso não é uma ode ao passado nem uma rejeição ao presente. A tecnologia, quando aliada à consciência, pode ser ponte. O problema é quando vira muleta. O risco é achar que evolução é apenas técnica,  e esquecer que a verdadeira evolução é ética.

Talvez ainda haja tempo de reaprender com os antigos, sem abrir mão do novo. De usar a tecnologia como ferramenta, não como substituto da alma. Porque um futuro sustentável e humano não será feito apenas de inovações, mas de lembranças. De valores e, certamente, de sabedoria.

Referências

* Carr, Nicholas. *The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains*.
* Harari, Yuval Noah. *Sapiens: Uma Breve História da Humanidade*.
* UNESCO. *Digital Learning Report 2021*.
* Goleman, Daniel. *Inteligência Emocional*.

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